Fatores que influenciam a busca por cuidados de saúde materna em uma região montanhosa de Madagascar: uma análise de métodos mistos

Fatores que influenciam a busca por cuidados de saúde materna em uma região montanhosa de Madagascar: uma análise de métodos mistos

De: Voahirana Tantely Andrianantoandro, Dolorès Pourette, Olivier Rakotomalala, Henintsoa Joyce Valentina Ramaroson, Rila Ratovoson, Feno M. Jacob Rakotoarimanana
Publicação: BMC Gravidez e PartoJunho de 2021; 21 (428). DOI: https://doi.org/10.1186/s12884-021-03930-2.

Sumário

BACKGROUND

Em Madagascar, a mortalidade materna permanece estável e alta (426 mortes por 100,000 nascidos vivos). Esta situação deve-se principalmente ao atraso ou falta de utilização dos serviços de saúde materna. Os problemas relacionados com os serviços de saúde materna estão bem documentados em Madagáscar, mas poucas informações relacionadas com a procura de cuidados de saúde materna são conhecidas. Assim, este trabalho tem como objetivo identificar e analisar os fatores que influenciam a utilização dos serviços maternos, especificamente, a utilização da atenção pré-natal (ANC) durante a gravidez e a utilização de parteiras qualificadas (SBAs) no momento do parto.

Forma

Utilizamos abordagens quantitativas e qualitativas no estudo. Duas comunas da região de Vakinankaratra, localizadas nas terras altas, foram os cenários. A coleta de dados ocorreu no período de outubro de 2016 a julho de 2017. Um total de 245 gestantes foram incluídas e acompanhadas na pesquisa quantitativa e, entre elas, 35 participaram de entrevistas em profundidade (IDIs). Regressões logísticas foram aplicadas para explorar os fatores que influenciam as práticas de busca de cuidados pré-natais e de parto por meio de análise qualitativa temática.

Resultados

Entre as 245 mulheres pesquisadas, 13.9% não compareceram a nenhuma consulta do CPN. O nível escolar, a ocupação e a gravidade influenciaram positivamente a probabilidade de comparecer a uma ou mais visitas do CPN. O uso adicional de cuidadores tradicionais permaneceu predominante e foi percebido como potencialmente complementar ao cuidado médico. Nove em cada dez (91%) mulheres expressaram preferência pelo parto em unidades de saúde (HFs), mas 61% dos partos foram assistidos por uma parteira qualificada (SBA). O nível escolar; a frequência de ANCs; a região de origem; e a preferência entre atendimento moderno ou tradicional influenciou o uso de SBAs no parto. A falta de preparação (problemas financeiros e logísticos) e o baixo envolvimento das mulheres na tomada de decisões no momento do parto foram as principais barreiras ao parto em IC.

Conclusão

A utilização de serviços de saúde materna está começando a ganhar espaço, embora muitas mulheres e seus familiares ainda utilizem cuidadores tradicionais ao mesmo tempo. Os parentes desempenham um papel crucial na busca pela saúde materna. Seria necessário direcionar os parentes das mulheres para mensagens de conscientização sobre CPN e parto em unidades de saúde e para apoiar e formalizar colaborações entre curandeiros tradicionais e cuidadores biomédicos.